Complexo - É um conjunto estruturado de atributos pessoais, geralmente inconscientes e adquiridos na, infância, por cristalização das relações humanas num círculo familiar e social, ao mesmo tempo típico e singular. Esse termo foi introduzido na psiquiatria por Jung, que o define como um agrupamento de elementos psíquicos que envolvem conteúdos de tonalidade emocional. Aparentemente os conteúdos de um complexo podem ser conscientes ou inconscientes.
Jones define o complexo como grupos de ideias coloridas emocionalmente, parcial ou totalmente reprimidas. Pode-se, em geral, dizer que os conflitos psíquicos fundamentais, provocados geralmente durante as etapas de sexualidade infantil, podem gerar um complexo. Fala-se, assim, de complexos de Édipo, Eletra e de Castração.
Nem todos os complexos decorrem, porém de problemas relacionados com o sexo. Muitos são provocados por situações econômicas, sociais, culturais, podendo-se, deste modo, distinguir complexos de superioridade, inferioridade e familiar. Consequentemente, embora a infância seja a fase mais própria à germinação de complexos, eles podem ser provocados e manifestarem-se em qualquer fase da vida.
Complexo de Édipo - É o apego erótico e excessivo, às vezes inconsciente, do filho em relação à mãe, paralelamente ao desenvolvimento de sentimentos obscuros de ciúmes em relação ao pai que, no caso, se apresenta à criança como o principal rival. Quando existem várias crianças numa família, o complexo de Édipo expande-se e passa a ser denominado complexo de família. Quando os filhos crescem, um dos meninos pode, com efeito, tomar a irmã como substituta da mãe, a qual não pode possuir somente para si, porque não conseguiu vencer seu rival, o pai.
Diretamente, porém, podemos considerar que o amor à mãe e a hostilidade ao pai constituem os dois elementos básicos do complexo de Édipo na concepção do próprio criador do termo, Freud.
Édipo é o personagem principal de uma antiga lenda grega, eleito pelo destino para matar seu pai e desposar sua mãe. Ao tomar consciência do crime que havia praticado, Édipo, corroído pelo remorso, furou seus próprios olhos para se punir.
Essa mesma história, segundo Freud, se repete na vida das crianças em relação aos seus pais e mães. Segundo o criador da psicanálise, isso acontece quando o menino começa a manifestar exagerada preferência pela mãe a querer que ela exista só para ele. Ciumento em relação ao pai, o menino faz tudo para afastá-lo de sua convivência com a mãe, vindo posteriormente a sentir-se culpado de uma falta grave, relacionada quer com seu amor erótico pela mãe, quer com sua aversão pelo pai.
O fato de que as crianças sejam capazes de ter sentimentos amorosos em relação a seus pais não constitui motivo de espanto, pois sabemos que elas têm vida sexual, embora o sexo, na fase infantil, não se manifeste de forma genital. Segundo Freud, o complexo de Édipo não só é normal como pode aparecer e desaparecer durante toda a infância, dando lugar a um perfeito equilíbrio emocional nas relações entre pais e filhos.
Quando, porém, por um motivo ou outro, determinados fatores impedem esse desenvolvimento, as consequências podem ser bastante graves, chegando mesmo a estragar completamente a vida do adulto. Os homens que não conseguem superar o complexo de Édipo tornam-se geralmente, efeminados e medrosos. Com efeito, quando o menino, que ama a mãe e odeia o pai, sente-se incapaz de enfrentar, de igual para igual seu rival, o complexo de Édipo entra por um caminho normal de evolução. O menino desfaz-se de sua agressividade para tentar vencer o pai por outros métodos. Para isso, ele irá cada vez mais renunciando à sua virilidade e tornando-se submisso. Em vez de se comportar como homem, começa a se comportar como mulher, procurando se identificar com a mãe para, com ela, dividir as simpatias e atenções do pai.
Esse complexo mal superado na infância pode, segundo Freud, conduzir muito facilmente o indivíduo a ser, na fase adulta, homossexual ou, pelo menos, um tipo submisso e acovardado. Por outro lado, a experiência de haver amado a mãe, sabendo que ela não podia lhe pertencer exclusivamente, pode, ainda segundo o criador da psicanálise, marcar profundamente o espírito da criança pela ideia de que o objeto do amor deve sempre ser disputado com um rival. Quando chegar à fase adulta, o indivíduo poderá sentir-se incapaz de amar uma mulher completamente livre. Pelo contrário, sentirá grande prazer em disputar com outro homem a noiva ou a esposa.
Para Adler, o complexo de Édipo parece menos complicado e é motivado, em grande parte, pelos excessivos mimos dispensados à criança. Pensa que a atitude normal da criança é um interesse quase igual para com o pai ou a mãe, mas considera que são fatores externos que motivarão desencadeamento de maior interesse para com um ou outro dos pais: Por exemplo, certos traços do pai podem fazer com que o menino se apegue mais intensamente a ele que à mãe; uma mãe excessivamente carinhosa pode afastar a criança do pai, fazendo com que fique mais achegada a si. Apegando-se excessivamente à mãe, a criança torna-se mais ou menos parasita, procurando-a para satisfação de todos os seus desejos, também os sexuais. Se, por outro lado, existir atração do menino pelo pai, Adler explica esse fenômeno como sendo não sexual, mas preparatório para assumir outro estágio do desenvolvimento sexual.
A criança "mimada" é, segundo Adler, sexualmente precoce porque aprendeu a não se privar de coisa alguma. Consequentemente entregar-se-á à fantasia erótica, superestimulando seu desenvolvimento sexual. A esse respeito os carinhos excessivos da mãe podem constituir outro fator de excitação sexual e as fantasias sexuais, nas quais a criança se refugia, serão dirigidas para a mãe.
Por isso, segundo Adler, o complexo de Édipo nada mais é que "uma das múltiplas formas que aparecem na vida da criança mimada, que é joguete de suas excitadas fantasias".
Para Jung, o começo real da sexualidade se opera por volta do sexto ano. Consequentemente, toda manifestação de amor por parte do menino para com a mãe não pode ser considerado como manifestação sexual propriamente dita. Até essa idade, a mãe não tem significado sexual de qualquer importância. É apenas uma fonte de proteção e de nutrição que, por isso, mesmo, faz com que a criança a ela se apegue com maior intensidade que ao pai.
Somente com o decorrer do tempo esse interesse relacionado com a alimentação, consubstanciada na pessoa da mãe, vai cedendo lugar ao complexo de Édipo em sua significação propriamente erótica.
Para Erich Fromm, o "mito de Édipo" não deve ser considerado como um símbolo incestuoso entre mãe e filho, mas como uma rebelião do filho contra a autoridade paterna numa família patriarcal. Segundo ele, o complexo de Édipo não se verifica em qualquer tipo de família. Basta que a criança tenha um melhor relacionamento com outros indivíduos de sua idade para que não se verifiquem tensões tão acentuadas entre pais e filhos.
Analisando a teoria freudiana relativa ao complexo de Édipo, Fromm afirma que as observações do criador da psicanálise são parciais e inconsistentes. Para Fromm, o conflito entre pai e filho resulta do fato de, numa sociedade patriarcal, ser a criança, especialmente a do sexo masculino, considerada como uma propriedade do pai, como um bem imóvel ou mesmo como um "animal de carga". Semelhante atitude e tratamento dado pelo pai, ao filho, opõem-se ao desenvolvimento livre e independente da criança. Fromm considera tanto o complexo de Édipo, como a neurose, manifestações de um conflito entre a luta do homem pela liberdade e autoafirmação, e os princípios éticos e sociais que impedem o alcance de liberdade, frustrando os indivíduos que naturalmente a procuram.
Para Fromm, quando tivermos uma sociedade que respeite a integridade de todos os indivíduos, incluindo todas as crianças, o complexo de Édipo, como um mito, já pertencerá ao passado.
Harry Stack Sullivan pouco difere de Fromm na interpretação do complexo de Édipo. Segundo ele, trata-se mais de um problema de liberdade que de sexo. Dá fundamental importância ao papel dos pais, especialmente da mãe (na infância e na puberdade). Segundo ele, o sentimento de familiaridade que o pai ou a mãe alimenta em relação ao filho do mesmo sexo conduz a uma atitude suportaria que produz ressentimento e hostilidade por parte da criança. Por outro lado, em virtude da própria diferença de sexo, o pai ou a mãe trata o filho do sexo oposto com maior consideração.
A diferença de sexo faz com que o pai se sinta menos apto para orientar a vida da filha e, assim, trata-a com mais cuidado. por assim dizer, "com luvas de pelica". Isso faz com que se manifeste na família maior afeição da filha pelo pai e do filho pela mãe.
Complexo de Electra - Intrinsecamente, o complexo de Eletra se resume no mesmo problema do complexo de Édipo. A única diferença está nas pessoas que entram em jogo. Entretanto no complexo de Édipo se verifica o apego erótico do filho pela mãe, com o desenvolvimento paralelo de ódio pelo pai, no complexo de Eletra a filha encontra na mãe uma rival que compete com ela na disputa das simpatias do pai.
Parece, todavia um pouco forçada à denominação de complexo de Eletra, uma vez que, na mitologia grega esta personagem não representa, tão bem quanto Édipo, o sentimento erótico e de ódio para com o pai e a mãe, respectivamente. Com efeito, segundo a mitologia, Eletra, filha de Agamenon e de Clitemnestra, e irmã de Orestes, nem matou sua mãe, nem se apaixonou. por seu pai. A mitologia grega diz simplesmente que, depois que sua mãe e Egisto assassinaram seu pai, Eletra salvou a vida de seu irmão enviando-o à corte do rei Estrófio. Mais tarde Orestes regressou e foi incitado à vingança por sua irmã, assassinando sua mãe e Egisto.
Seja como for, a menina, em seu desenvolvimento sexual enfrenta os mesmos problemas, embora geralmente com menor intensidade que o menino, e as consequências do desenvolvimento anormal do complexo de Eletra são tão graves quanto às do complexo de Édipo. Não seria, portanto necessário repetir aqui tudo o que foi dito a respeito do complexo de Édipo, e daremos apenas algumas opiniões dos principais i autores que abordaram esse assunto.
Para Freud o desenvolvimento sexual da menina é mais difícil e mais complicado que o do menino, Além das diferenças fisiológicas, existe também distinções instintivas e psíquicas. Para a criancinha do sexo feminino, como para a do masculino, o primeiro objetivo de interesse instintivo é a mãe, uma vez que é dela que recebe toda assistência. Até por volta do 4 ° ano, sempre segundo Freud, a criança manifesta desejos libidinosos ambivalentes, isto é, tanto masculino com feminino. A menina pode sentir inconscientemente desejos de ser seduzida pela mãe e de ter um filho por intermédio dela.
Finalmente, por uma variedade de razões, a menina se afasta da mãe numa atmosfera de ódio. O aparecimento de um irmão menor gera um sentimento de ciúme contra o recém-nascido e de ressentimento contra a mãe infiel. A menina torna-se travessa e intratável. Quando durante a fase fálica, a mãe reprova qualquer gesto de masturbação, ocorre a maior frustração de seus desejos e apetências libidinosas. Com o abandono da masturbação clitórica, a menina começa a manifestar mais intensamente suas tendências passivas. É nesse momento que, com a preponderância de seus impulsos instintivos passivos, ela se volta para o pai e vai se orientando para a situação feminina.
A transferência da tendência infantil ativa da menina para o interesse pelo pai marca o ingresso da criança na situação do complexo de Eletra. É somente aqui que a mãe passa a ser vista como uma rival, que obtém o que a filha desejaria obter do pai.
Em relação ao complexo de Eletra, Jung quase nada acrescenta ao que disse Freud. Embora quando menos importância aos fenômenos sexuais anteriores à idade de 5 a 6 anos mais ou menos, acrescenta que quanto mais à sexualidade amadurece, tanto mais a pessoa é forçada a deixar a família e adquirir independência e autonomia. Segundo Jung, se os adultos não lograrem emancipar-se espiritualmente e, por si próprios, o complexo de Eletra provoca necessariamente conflito que poderá causar perturbações neuróticas.
Para Karen Horney, o apego aos pais não provém de razões biológicas. A devoção da filha pelo pai deve ser considerada como simples consequências de relações familiares. As crianças crescem geralmente num ambiente psicológico desfavorável. Os pais representam, ao mesmo tempo, proteção e proibições. Isto provoca grande ansiedade na criança, fazendo com que a menina, por natureza frágil e mais passiva, se apegue mais diretamente ao pai porque vê nele um elemento de segurança. A devoção vai, habitualmente, para o mais protetor, o mais temido dos pais, uma vez que a obtenção de sua proteção oferece mais segurança.
Com o menino não se dá o mesmo porque ele é mais sensível aos carinhos maternos e, consequentemente, apega-se mais à mãe, não só para desfrutar desses carinhos que lhe saciam os instintos libidinosos, mas também para protegê-la.
O ponto mais importante da doutrina de Horney a respeito do desenvolvimento sadio da criança é a ênfase dada à afirmação de que as relações dos primeiros tempos na vida familiar modelam o caráter em sua totalidade. Dessas relações, os elementos altamente necessários à criança são a ternura, o interesse a confiança e a sinceridade dos pais.
Complexo de Inferioridade - Esta denominação foi criada pelo discípulo de Freud, Adler, para designar o estado neurótico que tem por fundamento o sentimento de insuficiência ou incapacidade para enfrentar a vida e seus problemas. Esse complexo pode ser provocado por vários motivos, reais ou irreais como, por exemplo, um defeito físico, uma situação econômica ou social difícil, ou simplesmente pela recordação de um fracasso perante um obstáculo que não foi possível vencer.
O neurótico procura compensar sua insuficiência real ou suposta, seja pela tentativa de sobressair em qualquer atividade física, artística ou cultural, o que constitui uma reação positiva, seja procurando vencer seu estado de inferioridade por artimanhas, agindo, consciente ou inconscientemente, com astúcia, cautela e pedantismo, a fim de apresentar aos outros caracteres que realmente não possui.
Neste último caso, que representa uma reação negativa o complexo de inferioridade pode se agravar se o indivíduo for mal sucedido nessas tentativas de compensação. Até aqui consideramos o complexo inferioridade como um estado anormal e neurótico.
Ultimamente tornou-se comum o uso da expressão "complexo de inferioridade" para designar um sentimento normal de inferioridade, que não deve ser confundido com o sentimento de origem neurótica, uma vez que a consciência de inferioridade, com sua consequente procura de compensação, representa um elemento dinâmico do desenvolvimento individual. Pode-se dizer que, em todo indivíduo, o sentimento de inferioridade está na base do próprio sentimento da personalidade. O ideal do indivíduo é tanto mais dominador quanto mais ele é consciente de que ainda resta um longo caminho a percorrer.
A psicologia individual, através da evolução, vê em todo esforço humano a procura de perfeição. Todo impulso vital está implicitamente ligado a essa tendência de perfeição, mas em comparação com a perfeição ideal irrealizável, todo homem é constantemente invadido pelo sentimento de inferioridade que o estimula a procurar a perfeição.
Toda a história da humanidade deve ser considerada "como a história do sentimento de inferioridade e das tentativas feitas para encontrar-lhe uma solução", escreveu Adler. E, ainda segundo o discípulo de Freud, "o homem é um ser inferior, mas esta inferioridade que lhe é inerente, da qual ele toma consciência num sentimento de limitação e de insegurança, age como um sortilégio estimulante, a fim de descobrir uma via por onde realizará a adaptação a esta vida... e a fim de nivelar as desvantagens da posição humana na natureza.”
Nessa perspectiva, podemos considerar que o complexo de inferioridade resulta de uma condição natural do indivíduo, mais ainda, de uma fonte de dinamismo que não foi bem conduzida pela pessoa.
Jones define o complexo como grupos de ideias coloridas emocionalmente, parcial ou totalmente reprimidas. Pode-se, em geral, dizer que os conflitos psíquicos fundamentais, provocados geralmente durante as etapas de sexualidade infantil, podem gerar um complexo. Fala-se, assim, de complexos de Édipo, Eletra e de Castração.
Nem todos os complexos decorrem, porém de problemas relacionados com o sexo. Muitos são provocados por situações econômicas, sociais, culturais, podendo-se, deste modo, distinguir complexos de superioridade, inferioridade e familiar. Consequentemente, embora a infância seja a fase mais própria à germinação de complexos, eles podem ser provocados e manifestarem-se em qualquer fase da vida.
Complexo de Édipo - É o apego erótico e excessivo, às vezes inconsciente, do filho em relação à mãe, paralelamente ao desenvolvimento de sentimentos obscuros de ciúmes em relação ao pai que, no caso, se apresenta à criança como o principal rival. Quando existem várias crianças numa família, o complexo de Édipo expande-se e passa a ser denominado complexo de família. Quando os filhos crescem, um dos meninos pode, com efeito, tomar a irmã como substituta da mãe, a qual não pode possuir somente para si, porque não conseguiu vencer seu rival, o pai.
Diretamente, porém, podemos considerar que o amor à mãe e a hostilidade ao pai constituem os dois elementos básicos do complexo de Édipo na concepção do próprio criador do termo, Freud.
Édipo é o personagem principal de uma antiga lenda grega, eleito pelo destino para matar seu pai e desposar sua mãe. Ao tomar consciência do crime que havia praticado, Édipo, corroído pelo remorso, furou seus próprios olhos para se punir.
Essa mesma história, segundo Freud, se repete na vida das crianças em relação aos seus pais e mães. Segundo o criador da psicanálise, isso acontece quando o menino começa a manifestar exagerada preferência pela mãe a querer que ela exista só para ele. Ciumento em relação ao pai, o menino faz tudo para afastá-lo de sua convivência com a mãe, vindo posteriormente a sentir-se culpado de uma falta grave, relacionada quer com seu amor erótico pela mãe, quer com sua aversão pelo pai.
O fato de que as crianças sejam capazes de ter sentimentos amorosos em relação a seus pais não constitui motivo de espanto, pois sabemos que elas têm vida sexual, embora o sexo, na fase infantil, não se manifeste de forma genital. Segundo Freud, o complexo de Édipo não só é normal como pode aparecer e desaparecer durante toda a infância, dando lugar a um perfeito equilíbrio emocional nas relações entre pais e filhos.
Quando, porém, por um motivo ou outro, determinados fatores impedem esse desenvolvimento, as consequências podem ser bastante graves, chegando mesmo a estragar completamente a vida do adulto. Os homens que não conseguem superar o complexo de Édipo tornam-se geralmente, efeminados e medrosos. Com efeito, quando o menino, que ama a mãe e odeia o pai, sente-se incapaz de enfrentar, de igual para igual seu rival, o complexo de Édipo entra por um caminho normal de evolução. O menino desfaz-se de sua agressividade para tentar vencer o pai por outros métodos. Para isso, ele irá cada vez mais renunciando à sua virilidade e tornando-se submisso. Em vez de se comportar como homem, começa a se comportar como mulher, procurando se identificar com a mãe para, com ela, dividir as simpatias e atenções do pai.
Esse complexo mal superado na infância pode, segundo Freud, conduzir muito facilmente o indivíduo a ser, na fase adulta, homossexual ou, pelo menos, um tipo submisso e acovardado. Por outro lado, a experiência de haver amado a mãe, sabendo que ela não podia lhe pertencer exclusivamente, pode, ainda segundo o criador da psicanálise, marcar profundamente o espírito da criança pela ideia de que o objeto do amor deve sempre ser disputado com um rival. Quando chegar à fase adulta, o indivíduo poderá sentir-se incapaz de amar uma mulher completamente livre. Pelo contrário, sentirá grande prazer em disputar com outro homem a noiva ou a esposa.
Para Adler, o complexo de Édipo parece menos complicado e é motivado, em grande parte, pelos excessivos mimos dispensados à criança. Pensa que a atitude normal da criança é um interesse quase igual para com o pai ou a mãe, mas considera que são fatores externos que motivarão desencadeamento de maior interesse para com um ou outro dos pais: Por exemplo, certos traços do pai podem fazer com que o menino se apegue mais intensamente a ele que à mãe; uma mãe excessivamente carinhosa pode afastar a criança do pai, fazendo com que fique mais achegada a si. Apegando-se excessivamente à mãe, a criança torna-se mais ou menos parasita, procurando-a para satisfação de todos os seus desejos, também os sexuais. Se, por outro lado, existir atração do menino pelo pai, Adler explica esse fenômeno como sendo não sexual, mas preparatório para assumir outro estágio do desenvolvimento sexual.
A criança "mimada" é, segundo Adler, sexualmente precoce porque aprendeu a não se privar de coisa alguma. Consequentemente entregar-se-á à fantasia erótica, superestimulando seu desenvolvimento sexual. A esse respeito os carinhos excessivos da mãe podem constituir outro fator de excitação sexual e as fantasias sexuais, nas quais a criança se refugia, serão dirigidas para a mãe.
Por isso, segundo Adler, o complexo de Édipo nada mais é que "uma das múltiplas formas que aparecem na vida da criança mimada, que é joguete de suas excitadas fantasias".
Para Jung, o começo real da sexualidade se opera por volta do sexto ano. Consequentemente, toda manifestação de amor por parte do menino para com a mãe não pode ser considerado como manifestação sexual propriamente dita. Até essa idade, a mãe não tem significado sexual de qualquer importância. É apenas uma fonte de proteção e de nutrição que, por isso, mesmo, faz com que a criança a ela se apegue com maior intensidade que ao pai.
Somente com o decorrer do tempo esse interesse relacionado com a alimentação, consubstanciada na pessoa da mãe, vai cedendo lugar ao complexo de Édipo em sua significação propriamente erótica.
Para Erich Fromm, o "mito de Édipo" não deve ser considerado como um símbolo incestuoso entre mãe e filho, mas como uma rebelião do filho contra a autoridade paterna numa família patriarcal. Segundo ele, o complexo de Édipo não se verifica em qualquer tipo de família. Basta que a criança tenha um melhor relacionamento com outros indivíduos de sua idade para que não se verifiquem tensões tão acentuadas entre pais e filhos.
Analisando a teoria freudiana relativa ao complexo de Édipo, Fromm afirma que as observações do criador da psicanálise são parciais e inconsistentes. Para Fromm, o conflito entre pai e filho resulta do fato de, numa sociedade patriarcal, ser a criança, especialmente a do sexo masculino, considerada como uma propriedade do pai, como um bem imóvel ou mesmo como um "animal de carga". Semelhante atitude e tratamento dado pelo pai, ao filho, opõem-se ao desenvolvimento livre e independente da criança. Fromm considera tanto o complexo de Édipo, como a neurose, manifestações de um conflito entre a luta do homem pela liberdade e autoafirmação, e os princípios éticos e sociais que impedem o alcance de liberdade, frustrando os indivíduos que naturalmente a procuram.
Para Fromm, quando tivermos uma sociedade que respeite a integridade de todos os indivíduos, incluindo todas as crianças, o complexo de Édipo, como um mito, já pertencerá ao passado.
Harry Stack Sullivan pouco difere de Fromm na interpretação do complexo de Édipo. Segundo ele, trata-se mais de um problema de liberdade que de sexo. Dá fundamental importância ao papel dos pais, especialmente da mãe (na infância e na puberdade). Segundo ele, o sentimento de familiaridade que o pai ou a mãe alimenta em relação ao filho do mesmo sexo conduz a uma atitude suportaria que produz ressentimento e hostilidade por parte da criança. Por outro lado, em virtude da própria diferença de sexo, o pai ou a mãe trata o filho do sexo oposto com maior consideração.
A diferença de sexo faz com que o pai se sinta menos apto para orientar a vida da filha e, assim, trata-a com mais cuidado. por assim dizer, "com luvas de pelica". Isso faz com que se manifeste na família maior afeição da filha pelo pai e do filho pela mãe.
Complexo de Electra - Intrinsecamente, o complexo de Eletra se resume no mesmo problema do complexo de Édipo. A única diferença está nas pessoas que entram em jogo. Entretanto no complexo de Édipo se verifica o apego erótico do filho pela mãe, com o desenvolvimento paralelo de ódio pelo pai, no complexo de Eletra a filha encontra na mãe uma rival que compete com ela na disputa das simpatias do pai.
Parece, todavia um pouco forçada à denominação de complexo de Eletra, uma vez que, na mitologia grega esta personagem não representa, tão bem quanto Édipo, o sentimento erótico e de ódio para com o pai e a mãe, respectivamente. Com efeito, segundo a mitologia, Eletra, filha de Agamenon e de Clitemnestra, e irmã de Orestes, nem matou sua mãe, nem se apaixonou. por seu pai. A mitologia grega diz simplesmente que, depois que sua mãe e Egisto assassinaram seu pai, Eletra salvou a vida de seu irmão enviando-o à corte do rei Estrófio. Mais tarde Orestes regressou e foi incitado à vingança por sua irmã, assassinando sua mãe e Egisto.
Seja como for, a menina, em seu desenvolvimento sexual enfrenta os mesmos problemas, embora geralmente com menor intensidade que o menino, e as consequências do desenvolvimento anormal do complexo de Eletra são tão graves quanto às do complexo de Édipo. Não seria, portanto necessário repetir aqui tudo o que foi dito a respeito do complexo de Édipo, e daremos apenas algumas opiniões dos principais i autores que abordaram esse assunto.
Para Freud o desenvolvimento sexual da menina é mais difícil e mais complicado que o do menino, Além das diferenças fisiológicas, existe também distinções instintivas e psíquicas. Para a criancinha do sexo feminino, como para a do masculino, o primeiro objetivo de interesse instintivo é a mãe, uma vez que é dela que recebe toda assistência. Até por volta do 4 ° ano, sempre segundo Freud, a criança manifesta desejos libidinosos ambivalentes, isto é, tanto masculino com feminino. A menina pode sentir inconscientemente desejos de ser seduzida pela mãe e de ter um filho por intermédio dela.
Finalmente, por uma variedade de razões, a menina se afasta da mãe numa atmosfera de ódio. O aparecimento de um irmão menor gera um sentimento de ciúme contra o recém-nascido e de ressentimento contra a mãe infiel. A menina torna-se travessa e intratável. Quando durante a fase fálica, a mãe reprova qualquer gesto de masturbação, ocorre a maior frustração de seus desejos e apetências libidinosas. Com o abandono da masturbação clitórica, a menina começa a manifestar mais intensamente suas tendências passivas. É nesse momento que, com a preponderância de seus impulsos instintivos passivos, ela se volta para o pai e vai se orientando para a situação feminina.
A transferência da tendência infantil ativa da menina para o interesse pelo pai marca o ingresso da criança na situação do complexo de Eletra. É somente aqui que a mãe passa a ser vista como uma rival, que obtém o que a filha desejaria obter do pai.
Em relação ao complexo de Eletra, Jung quase nada acrescenta ao que disse Freud. Embora quando menos importância aos fenômenos sexuais anteriores à idade de 5 a 6 anos mais ou menos, acrescenta que quanto mais à sexualidade amadurece, tanto mais a pessoa é forçada a deixar a família e adquirir independência e autonomia. Segundo Jung, se os adultos não lograrem emancipar-se espiritualmente e, por si próprios, o complexo de Eletra provoca necessariamente conflito que poderá causar perturbações neuróticas.
Para Karen Horney, o apego aos pais não provém de razões biológicas. A devoção da filha pelo pai deve ser considerada como simples consequências de relações familiares. As crianças crescem geralmente num ambiente psicológico desfavorável. Os pais representam, ao mesmo tempo, proteção e proibições. Isto provoca grande ansiedade na criança, fazendo com que a menina, por natureza frágil e mais passiva, se apegue mais diretamente ao pai porque vê nele um elemento de segurança. A devoção vai, habitualmente, para o mais protetor, o mais temido dos pais, uma vez que a obtenção de sua proteção oferece mais segurança.
Com o menino não se dá o mesmo porque ele é mais sensível aos carinhos maternos e, consequentemente, apega-se mais à mãe, não só para desfrutar desses carinhos que lhe saciam os instintos libidinosos, mas também para protegê-la.
O ponto mais importante da doutrina de Horney a respeito do desenvolvimento sadio da criança é a ênfase dada à afirmação de que as relações dos primeiros tempos na vida familiar modelam o caráter em sua totalidade. Dessas relações, os elementos altamente necessários à criança são a ternura, o interesse a confiança e a sinceridade dos pais.
Complexo de Inferioridade - Esta denominação foi criada pelo discípulo de Freud, Adler, para designar o estado neurótico que tem por fundamento o sentimento de insuficiência ou incapacidade para enfrentar a vida e seus problemas. Esse complexo pode ser provocado por vários motivos, reais ou irreais como, por exemplo, um defeito físico, uma situação econômica ou social difícil, ou simplesmente pela recordação de um fracasso perante um obstáculo que não foi possível vencer.
O neurótico procura compensar sua insuficiência real ou suposta, seja pela tentativa de sobressair em qualquer atividade física, artística ou cultural, o que constitui uma reação positiva, seja procurando vencer seu estado de inferioridade por artimanhas, agindo, consciente ou inconscientemente, com astúcia, cautela e pedantismo, a fim de apresentar aos outros caracteres que realmente não possui.
Neste último caso, que representa uma reação negativa o complexo de inferioridade pode se agravar se o indivíduo for mal sucedido nessas tentativas de compensação. Até aqui consideramos o complexo inferioridade como um estado anormal e neurótico.
Ultimamente tornou-se comum o uso da expressão "complexo de inferioridade" para designar um sentimento normal de inferioridade, que não deve ser confundido com o sentimento de origem neurótica, uma vez que a consciência de inferioridade, com sua consequente procura de compensação, representa um elemento dinâmico do desenvolvimento individual. Pode-se dizer que, em todo indivíduo, o sentimento de inferioridade está na base do próprio sentimento da personalidade. O ideal do indivíduo é tanto mais dominador quanto mais ele é consciente de que ainda resta um longo caminho a percorrer.
A psicologia individual, através da evolução, vê em todo esforço humano a procura de perfeição. Todo impulso vital está implicitamente ligado a essa tendência de perfeição, mas em comparação com a perfeição ideal irrealizável, todo homem é constantemente invadido pelo sentimento de inferioridade que o estimula a procurar a perfeição.
Toda a história da humanidade deve ser considerada "como a história do sentimento de inferioridade e das tentativas feitas para encontrar-lhe uma solução", escreveu Adler. E, ainda segundo o discípulo de Freud, "o homem é um ser inferior, mas esta inferioridade que lhe é inerente, da qual ele toma consciência num sentimento de limitação e de insegurança, age como um sortilégio estimulante, a fim de descobrir uma via por onde realizará a adaptação a esta vida... e a fim de nivelar as desvantagens da posição humana na natureza.”
Nessa perspectiva, podemos considerar que o complexo de inferioridade resulta de uma condição natural do indivíduo, mais ainda, de uma fonte de dinamismo que não foi bem conduzida pela pessoa.
FONTE: DICIONÁRIO DE PSICOLOGIA.
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